Em 1915, a Cadillac levou o V8 aos automóveis pela primeira vez. Ele chega aos 97 anos com um corpanzil de fazer inveja: sob o capô do Mustang Shelby 1000, lançado para homenagear o construtor Caroll Shelby, borbulham 963 cv. Isso na versão de rua, pois o motor de pista vai aos 1 115 cv.
A identificação V8 refere-se à disposição dos cilindros no bloco do motor. A receita tradicional é a de duas bancadas de quatro cilindros dispostos em ângulo de 90 graus, formação que origina o termo "V". A configuração resolvia alguns problemas que os engenheiros enfrentavam conforme o mundo exigia automóveis cada vez mais velozes. Habituados ao padrão de quatro cilindros, a solução para elevar o torque era aumentar o diâmetro dos pistões, com o efeito colateral de reduzir o giro do motor. Resolvia a questão da força, mas não atendia aos anseios do público por velocidade. O jeito foi aumentar a quantidade de cilindros conectados ao virabrequim.
Desde que a Cadillac lançou seu V8, os 70 cv originais aumentaram paulatinamente, acompanhando o crescimento econômico do país, depois de uma grave crise. A Ford foi responsável por levar o V8 ao grande público, a partir de 1932. Era um 3,6 litros de 65 cv. O nome "flathead" ainda não havia ganhado fama, mas foi essa solução técnica que ajudou a popularizar o V8. Os blocos com cabeçote plano tinham as válvulas ao lado dos cilindros, em vez de ficarem no topo do cabeçote. Essa configuração reduziu sua complexidade, barateou a fabricação e fez com que interessados em customização preferissem oV8 flathead em seus carros, fomentando a cultura dos hot rods e uma guerra por potência que passou 50 anos sem dar sinais de cansaço. O fascínio pelo automóvel, a bonança econômica do pós-guerra e até a topografia do interior dos Estados Unidos ajudaram a inserir o V8 na cultura americana.
Nos anos 50, uma década abastada, o V8 equipava praticamente todos os carros, de diversas aplicações. O leite era entregue em domicílio em vansV8 e os endinheirados descobriam o Corvette, que deslanchou em 1955 com um V8 de 198 cv. O small block da GM e o flathead da Ford eram abundantes, resistentes e tolerantes à preparação. Os americanos se renderam de vez à competição automobilística e multidões se amontoavam nos autódromos ou no deserto de sal de Bonneville para assistir a equipes tentando bater recordes de velocidade.
Potência e design eram prioridades das fábricas. As montadoras queriam atender um público jovem, que não via atrativos no estilo da década anterior. Foi nesse cenário que surgiram Pontiac GTO, Ply- mouth Barracuda, Buick GSX e Chevrolet Chevelle, que tinham em comum o visual agressivo e, claro, os V8, que entregavam o que a clientela queria.
A crise do petróleo e o consequente aumento dos preços dos combustíveis exigiram a readequação da indústria. No Brasil, o baque matou o V8. "O Dodge Charger era desejado e caríssimo, mas a alta nos preços da gasolina fez com que as pessoas o vendessem a preços módicos", diz Alexandre Badolato, especialista no modelo. "Na década seguinte, era comum o Charger ser abandonado na rua pelos donos."
Neste ano a Ford atiçou os cavalos e lançou o mais potente Mustang V8 de série, com 670 cv sob o capô. Ao lado da série especial que homenageia Shelby, a tropa mostra que o V8 tem disposição de sobra para continuar seu caminho, em alto e bom som.
Peças para seu V8, é na Sterdi Custom:
Fonte: Quatro Rodas
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