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10/30/2014

O marcante V8!

Motores V8 soam como música para os amantes. Emitem um som grave, que fica gravado na memória. Contrário aos efêmeros hits descartáveis, está há oito décadas nas paradas de sucesso. Sobretudo nos Estados Unidos, onde o V8 se popularizou, transcendeu a mecânica e tornou-se um dos símbolos da cultura automotiva daquele país.

Em 1915, a Cadillac levou o V8 aos automóveis pela primeira vez. Ele chega aos 97 anos com um corpanzil de fazer inveja: sob o capô do Mustang Shelby 1000, lançado para homenagear o construtor Caroll Shelby, borbulham 963 cv. Isso na versão de rua, pois o motor de pista vai aos 1 115 cv.

A identificação V8 refere-se à disposição dos cilindros no bloco do motor. A receita tradicional é a de duas bancadas de quatro cilindros dispostos em ângulo de 90 graus, formação que origina o termo "V". A configuração resolvia alguns problemas que os engenheiros enfrentavam conforme o mundo exigia automóveis cada vez mais velozes. Habituados ao padrão de quatro cilindros, a solução para elevar o torque era aumentar o diâmetro dos pistões, com o efeito colateral de reduzir o giro do motor. Resolvia a questão da força, mas não atendia aos anseios do público por velocidade. O jeito foi aumentar a quantidade de cilindros conectados ao virabrequim.

Desde que a Cadillac lançou seu V8, os 70 cv originais aumentaram paulatinamente, acompanhando o crescimento econômico do país, depois de uma grave crise. A Ford foi responsável por levar o V8 ao grande público, a partir de 1932. Era um 3,6 litros de 65 cv. O nome "flathead" ainda não havia ganhado fama, mas foi essa solução técnica que ajudou a popularizar o V8. Os blocos com cabeçote plano tinham as válvulas ao lado dos cilindros, em vez de ficarem no topo do cabeçote. Essa configuração reduziu sua complexidade, barateou a fabricação e fez com que interessados em customização preferissem oV8 flathead em seus carros, fomentando a cultura dos hot rods e uma guerra por potência que passou 50 anos sem dar sinais de cansaço. O fascínio pelo automóvel, a bonança econômica do pós-guerra e até a topografia do interior dos Estados Unidos ajudaram a inserir o V8 na cultura americana.

Nos anos 50, uma década abastada, o V8 equipava praticamente todos os carros, de diversas aplicações. O leite era entregue em domicílio em vansV8 e os endinheirados descobriam o Corvette, que deslanchou em 1955 com um V8 de 198 cv. O small block da GM e o flathead da Ford eram abundantes, resistentes e tolerantes à preparação. Os americanos se renderam de vez à competição automobilística e multidões se amontoavam nos autódromos ou no deserto de sal de Bonneville para assistir a equipes tentando bater recordes de velocidade.

Potência e design eram prioridades das fábricas. As montadoras queriam atender um público jovem, que não via atrativos no estilo da década anterior. Foi nesse cenário que surgiram Pontiac GTO, Ply- mouth Barracuda, Buick GSX e Chevrolet Chevelle, que tinham em comum o visual agressivo e, claro, os V8, que entregavam o que a clientela queria.

A crise do petróleo e o consequente aumento dos preços dos combustíveis exigiram a readequação da indústria. No Brasil, o baque matou o V8. "O Dodge Charger era desejado e caríssimo, mas a alta nos preços da gasolina fez com que as pessoas o vendessem a preços módicos", diz Alexandre Badolato, especialista no modelo. "Na década seguinte, era comum o Charger ser abandonado na rua pelos donos."

Neste ano a Ford atiçou os cavalos e lançou o mais potente Mustang V8 de série, com 670 cv sob o capô. Ao lado da série especial que homenageia Shelby, a tropa mostra que o V8 tem disposição de sobra para continuar seu caminho, em alto e bom som.





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Fonte: Quatro Rodas

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